segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Carta Aberta à auto-designada Direcção do SNP, pelo colega Victor Cláudio

Exmos. Srs.

Abro esta missiva explicando o próprio início. São auto-designados porque não foram eleitos e não posso acrescentar “colegas” já que não se regem por valores éticos dignos dos psicólogos, p.e. falsificaram uma Acta de uma inexistente A.G.

Depois desta explicação, passemos ao motivo da minha carta, que se destina a confrontar-vos com um acto que muito orgulharia o vosso eterno líder José Estaline, apagar dos registos aqueles que vos são incómodos.

No passado dia 4 de Agosto, recebi um e-mail enviado pela EFPA, em que me davam conhecimento de uma carta que lhes foi enviada, assinada pela auto-denominada “presidente do SNP”, Ana Isabel Barreiros, de seu nome. Nesta carta, sem enunciar qualquer nome, a douta personagem demitia os membros do SNP que pertencem às Comissões Permanentes da EFPA, nomeadamente Ética e Psicoterapia, as únicas em que o SNP estava representado.

No meu caso, fui nomeado para a Comissão Permanente de Ética pelo SNP em Setembro de 1993. Como presumo que desconhecem explico que os mandatos são por dois anos i.e., são válidos entre duas Assembleias Gerais da EFPA. Assim, para o actual mandato eu fui nomeado em Setembro de 2009 e terminaria em Julho de 2011.

Assumi vários compromissos no seio da Comissão Permanente, que como é óbvio foram em nome do SNP, nomeadamente:
1- Apresentar uma comunicação sobre o “ensino da Ética nos cursos de Psicologia”, no Simpósio organizado pela Comissão Permanente em Praga, no mês de Outubro de 2010.
2- Dinamizar, nesse Simpósio, um grupo de trabalho.
3- Terminar um documento, em que tenho trabalhado desde Outubro de 2009 com dois colegas, o delegado holandês e a delegada turca, sobre os “Normativos éticos dos psicólogos nos contactos com os media” e que será apresentado na A.G. da EFPA em Julho de 2011.
4- Apresentar uma comunicação no Simpósio organizado pela Comissão Permanente no Congresso Europeu de Psicologia, em Istambul em 2011.

O não respeitar destes compromissos tem implicações para a imagem exterior dos Psicólogos Portugueses, como já me foi referido pela totalidade dos colegas da Comissão Permanente, que me manifestaram a sua solidariedade e criticaram a acção que levianamente vocês levaram a cabo.

É um facto que não esperava que o vosso grupo tivesse o discernimento suficiente para avaliar as implicações para o SNP da falha a tais compromissos.

É evidente que a deselegância do vosso gesto, o não me terem comunicado directamente que me queriam demitir, não me surpreende, já que daqueles de vós que conheço e dos outros que pactuaram numa fraude, não seriam expectáveis gestos que pressuponham a existência de princípios (serão estes no vosso entender “burgueses”?), de respeito pela democracia e de práticas regidas por princípios éticos e de transparência.

Se houvesse da vossa parte alguma dignidade poderiam ter-me comunicado que me demitiam por uma ou várias razões. Passo a referir alguns exemplos dessas razões:
1. - Porque estive, desde o primeiro momento na elaboração do Meta-Código Europeu de Ética e posteriormente na sua revisão.
2. - Porque em cada mandato, 2 anos, organizei uma reunião da Comissão Permanente em Lisboa, com o reconhecimento que na EFPA isso trazia para o SNP;
3. - Porque coordenei a Comissão Organizadora de quatro Colóquios Europeus de Psicologia e Ética, iniciativa única na Europa e a que sempre associei o SNP, e onde estiveram presentes os Membros da Comissão Permanente de Ética da EFPA.
4. - Porque em vários Congressos Europeus, apresentei conferências ou comunicações em que constava a instituição SNP, sem qualquer encargo para este.
5. – Porque participei na elaboração de todos os documentos que foram apresentados pela Comissão Permanente de Ética à Assembleia Geral da EFPA e que constituem hoje guias essenciais para um exercício ético da profissão no contexto Europeu. Como não os devem conhecer, podem consultar o site da EFPA. Para não se enganarem é www.efpa.be .
6. Porque coordenei o grupo que elaborou o Código Deontológico dos Psicólogos Portugueses, que é hoje um dos dois Códigos Deontológicos de referência no contexto Europeu.

Poderiam também ter utilizado, para a minha demissão, outras razões, que julgo estarem mais ao alcance da vossa grandeza intelectual. Por exemplo:
1. Não sou, ao contrário da grande parte ou mesmo totalidade dos elementos do vosso grupo, membro do PCP.
2. Não concordo, ao contrário do que indica o vosso primeiro comunicado publicado no site, que o SNP esteja ao serviço do PCP.
3. Sou, ao contrário do vosso grupo, um fiel defensor da liberdade, democracia e discussão livre de ideias.

Como gostaria que vocês processassem a informação contida nesta carta, não me posso alongar em mais argumentos que poderiam ter usado.

Para terminar quero alertar-vos para o facto de que para além dos tribunais existe a história. O vosso nome, a título individual e colectivo, assim como o do PCP, partido em que vários de vós militam, ficaram nela como um grupo que através da fraude assaltou o SNP, afastou de forma vergonhosa quem se vos opôs, tornou o SNP uma instituição ao serviço partidário. Em suma, destruiu uma instituição que até Junho de 2010, sempre esteve ao serviço dos Psicólogos e foi dirigida por Psicólogos.

Despeço-me com um desejo, que infelizmente sei não ser alcançável, PENSEM.

Victor Cláudio
Psicólogo
Membro da Comissão Permanente de Ética desde Setembro de 1993 até que foi ilegalmente demitido em Julho de 2010.

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